Esquerda, direita… match! Amor 2.0 na ressignificação do íntimo: mudanças e continuidades

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TítuloEsquerda, direita... match! Amor 2.0 na ressignificação do íntimo: mudanças e continuidades
Abstract

Nunca mais iremos amar da mesma forma. Mesmo assim, na sociedade pós-moderna ou moderna tardia de hoje, o desejo de encontrar um parceiro romântico persiste, mas também existe a sensação de que fazer isso pode ser um desafio. Os recursos disponíveis para enfrentar esse desafio mudaram e muitas dessas mudanças podem ser atribuídas ao surgimento e popularização da Internet, que possibilitou a expansão exponencial do mercado sexo-amor. Isso desenha um panorama sem precedentes na história da humanidade, pois enquanto o 'campo elegível' era até recentemente limitado aos membros da rede social de cada pessoa (Fiore e Donath, 2004), agora a Internet permite o acesso a uma rede mais ampla de 'elegíveis'. Além disso, enquanto a interação entre parceiros em potencial dependia de sua proximidade física, a Internet agora facilita a comunicação quase instantânea em vários canais e materialidades significantes (texto, voz, imagem e vídeo), sem que os parceiros em potencial precisem estar no mesmo lugar. Click love renova profundamente rituais, significados e experiências de amor, bem como a indústria de 'namoro online'. Uma vez que muito do estigma social dos primórdios foi perdido (Döring, 2002), a crescente aceitabilidade social (Finkel et al, 2012) faz com que os mercados de instantaneidade relacional para fins de amor sexual cresçam - principalmente a partir de 2008 - a velocidades vertiginosas. No início da década passada, o Tinder tinha 20.000 downloads diários e gerava 850 milhões de 'swipes' (à esquerda 'não gosto', à direita 'curtir') e 12 milhões de 'matches' diários (encontros ou compatibilidades entre aqueles que se deslizaram para à direita) (James, 2015). Em 2016, o número de usuários pagos do Tinder cresceu 119% em relação ao ano anterior, chegando a quase 1,8 milhão de pessoas (www.datingsitesreviews.com). A proposta de comunicação que apresentamos se insere no quadro mais geral da pesquisa sobre a compreensão do impacto social do fenômeno dos 'dados-online' na Espanha e no Brasil. A partir de uma primeira aproximação ao estudo das aplicações virtuais destinadas a facilitar as relações sexual-amorosa e afetivas que operam nos dois países, pretende-se descrever, etnograficamente e sociologicamente, as vivências dos adultos heterossexuais com mais de 40 anos. De um lado, teremos em conta os elementos presentes na construção de uma imagem de si e do outro (Pêcheux, 2014). Por outras palavras, será dada ênfase aos imaginários produzidos no discursos de apresentação de "quem sou" (como me defino, quais são as minhas qualidades/defeitos, que interesses tenho, quais são as minhas características sociodemográficas, etc.) e à descrição de "o que procuro" (que tipo de relação, que tipo de pessoa, etc.), em diferentes materialidades significantes que os constituem (língua, fotografia, canção, citações literárias, etc.). Para isso, propomos compreender, de um lado, como os ‘recursos’ (Orlandi, 2003) materializados tanto nas funcionalidades quanto nos Termos e Regras de Comunidade da rede social Tinder, posto que regulam e redefinem políticas de intimidade e outros modos de estar em “relação a”/com o outro, arquivando e colocando de diferentes modos sujeitos em relação. De outro, assumindo-se que a mercantilização da intimidade através da construção de perfis públicos/privados (pagos /não pagos) constituem processos discursivos nesta ordem do digital, demandando também, em suas condições de produção, gestos analíticos que tensionem a triangulação nos âmbitos público, privado e íntimo (Castilla del Pino, 1996) no marco do “individualismo romântico” (particularista e sentimental). Na medida em que alimenta a expressão de uma “interioridade singular” que deve dispor de uma capacidade de sedução para atrair a atenção dos demais, esse individualismo evitaria, não obstante, dar sinal de necessidade ou desejo de se intrometer em suas vidas (Saborit, 2006). Ou seja, a existência de uma “hipertrofia e exibição de si” que exalta o desejo de “ser diferente” e de “querer sempre mais”. Em suma, queremos aprofundar o que diferentes autores conceituaram como uma "exibição da intimidade" (Sibilia, 200) ou uma " mercantilização da intimidade (Constable, 2009; Zelizer, 2005), com o fim de aprofundar a discussão das transformações na procura de um parceiro e de afeto, de amor e sexo, no quadro das sociedades ‘conectadas’, documentando processos de mudança e continuidade

CONSTABLE, N. (2009). The Commodification of Intimacy: Marriage, Sex, and Reproductive Labour. Annual Review of Anthropology, 38: 49-64.
DORING, N. (2002). Studying online love and cyber romance. In: B. BATINIC; U.-D REIPS; M. BOSNJAK (Eds.), Online social sciences. Seattle, WA: Hogrefe and Huber, pp. 333-356.
FINKEL, E. et al. (2012). Online dating: A critical analysis from the perspective of psychological science. Psychological Science in the Public Interest, 13 (1): 3-66.
FIORE, A. T. y DONATH,(2004) Online personals: An overwiew’, CHI2004: 1395--1398.

Autors
Nom i Cognom Institució Correu electrònic
Carla Barbosa Moreira Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais profcarlabmor@gmail.com
Jordi Roca Girona Universitat Rovira i Virgili jordi.roca@urvcat